quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Anarquismo, Socialismo Libertário, Ética Normativa e Vertentes




Existem hoje, inúmeros pensamentos falsos ou omissos acerca do anarquismo e suas variantes, pelo fato de ser um movimento orgânico, dinâmico e descentralizado, as pessoas criam filosofias que as vezes não condizem com a proposta anarquista de fato, muitos se lançam ao futuro da coisa, coisas do tipo - “a sociedade chegará ao anarquismo”, “não é necessário a violência para chegar ao anarquismo”, coisas nesse aspecto influenciam um tipo de comodismo e negação existencial do presente sobre o que você poderia fazer ou criar. Pensamos que o anarquismo tem duas vias, a evolução e a revolução; - nessas duas vias podemos compreender que: A evolução orgânica que se dá através das modificações da natureza em um determinado tempo e espaço se o ciclo de modificações não sofrerem com forças artificiais para a propagação das castas e privilégios através do tempo e espaço, podemos chegar em um futuro anarquista, mas isso, é apenas uma crença na idealização do ideal na natureza das coisas.
E a Revolução, que seria a o futuro que os pacifistas e evolucionistas anarquistas sonham, feito no aqui e no agora, e veja que dentro da própria Revolução existe a própria evolução das organizações sociais que estão dentro da revolução, isso é, na própria revolução as organizações se adaptam, cooperam e sobrevivem ou tentam se adaptar, através da competição e subjugação das outras e perdem. 

“As revoluções não são necessariamente um progresso, assim como as evoluções nem sempre são orientadas para a justiça.” Elisée Reclus – A Evolução, A Revolução e o Ideal Anarquista (pg; 29)

Imaginar que atingiremos pela evolução normal uma sociedade anarquista é como imaginar que em uma revolução, sem uma organização anterior, iremos triunfar. O trabalho do(a) anarquista não é fácil, diversas vezes impossível, e é exatamente por isso que triunfaremos, pois não estamos nos sustentando em pilares abstratos e da necessidade de poder, e sim na própria capacidade dos seres humanos em converter o caos em criação progressista, a destruição em arte esplêndida, na própria necessidade humana de livre-desenvolvimento e horizontalidade.
Não é pela tentativa de conquistar o poder que as massas sai as ruas para protestar, se manifestar ou lutar pelos seus direitos, e sim pela própria necessidade de acabar com a desordem, caos e inadimplência dos poderes e governos que não conseguem representar praticamente nenhuma variante das necessidades e desejos humanos, e que apenas pensam em poder.
O Poder só é representado por aqueles que almejam e desejam o poder, a massa não deseja o poder, esse poder de querer ditar, controlar e manipular as vontades e aspirações de outrem, a única coisa que as massas almejam é a sua liberdade, a conquista da sua capacidade de autogoverno, a igualdade, justiça, fraternidade e uma existência digna e próspera. Como as massas se contentariam em sistemas de autoridade, opressão, hierarquias e competição? É impossível as pessoas se acomodarem com a total falta de ética, moral e dignidade em sistemas assim, que privilegiam apenas uma minoria, são defendidas por uma outra minoria de intelectuais, pensadores e acadêmicos e divinizada pelas instituições como a mídia; religião e politicagem (esquerda/direita/centro) – é das próprias instituições querer fragmentar as aspirações gerais da humanidade em teorias abstratas, por isso muitos se fecham em dicotomias, falsa simetrias, espantalhos, etc...

Não seria diferente no anarquismo, muitos são os anarquistas que denominam como vertente X algo anarquista, muito são os que dizem que existe mais de 20 vertentes dentro do anarquismo, muitos acham que por fazer parte de uma tribo social, podem colocar essa tribo como anarquista e pronto, deve ser mostrado que uma sociedade anarquista propriamente dita, a liberdade de aspirações de tribos sociais são livres, entretanto, uma sociedade anarquista é formada por simplesmente duas tendências socioeconômicas, dentro dessas duas tendências, existe uma variedade de grupos de ações, filosofias e analises, não são vertentes, e podem ser retiradas do termo anarquia, se não compreendem que uma sociedade anarquista deve estar estipulada em uma estrutura socioeconômica compatível com aspirações gerais da humanidade!

Ao verificar esse tipo de conduta de muitos anarquistas, deve ser colocado uma questão importante e totalmente geral a todos que se denominam anarquista:
- Você está ciente que o anarquismo é uma aspiração individual a fortiori de negação de governo, autoridade e hierarquia? Essa aspiração é denominada como autogoverno e é da onde surge toda gama teórica, prática e gestionada das organizações anarquistas?

Podemos resumir essa questão em um termo apodítico anarquista único e presente em qualquer tempo e espaço: A ética normativa anarquista “AUTOGOVERNO”, o autogoverno aqui é definido como Jean Joseph May delineou: O famoso sistema de governo an-árquico, isto é, do governo sem governantes nem governados.”, essa forma de sistema é elevado ao grau mais alto, ela entra em toda forma de relações sociais, matrimônio, cultura, educação, economia, etc... . Devemos falar que por ser uma ética normativa e apodítica, o anarquista deve aceitar o princípio necessário e geral de autogoverno, e levar isso a todos os tipos específicos de organizações no anarquismo, a partir dessa ética, podemos demonstrar que: Qualquer forma de governo, autoridade ou hierarquia dentro de uma organização anarquista é agressiva, má e antiética, nesse sentindo, todo grupo que tenta de alguma forma exercer algum tipo de autoridade, governo e tentar impor uma forma de hierarquia nas relações sociais e econômicas é nocivo e deve ser eliminado, todo aquele que tenta controlar, submeter ou exercer autoridade em seu matrimônio idem, e assim para todas as categorias de relações sociais e amigáveis da sociedade.

Quando falamos em autoridade e hierarquia, estamos nos referindo a autoridade artificial, aquela que é imposta pelos lideres, políticos, polícia, leis, juízes, chefes, patrões, supervisores; se existe esse tipo de normatização é porque sempre é imposta e nunca de escolha própria, a própria escolha do indivíduo em não querer ser governado está manipulada pelo controle de seu meio de sobrevivência. A Hierarquia é uma forma de relações de autoridade, por cada grupo de pessoas ter um certo tipo de autoridade artificial, elas se sobrepõe sobre outros grupos; Um supervisor vai se sobrepor diante seus supervisionados, e assim sucessivamente; - Pais, família são a primeira forma de relação social e cultural que você tem, podemos dizer que eles não podem impor os sonhos deles, ambições deles em cima de você, a criação do filho(a) ser a mais libertária possível, e a mais responsável possível, sobre a questão de médicos, engenheiros, etc... que tem um grau de conhecimento maior daqueles que não tem, as pessoas devem levar em consideração o prognóstico do médico, o cálculo do engenheiro e assim sucessivamente, dado que, as pessoas que não tenham esse conhecimento, não podem fazer absolutamente nada para se ajudar ou ajudar a outros. Prezamos pelo conhecimento mútuo e comum de todos a todos, que cada pessoa consiga se desenvolver plenamente, ser criado em um trabalho produtivo e de aspiração individual plena, que não tenha mais a preocupação de contas a pagar, dividas a serem executadas, etc.. Essa sociedade sem dinheiro, preço, hierarquia, governo, chefes, autoridades é necessária e possível.
Retirado um pouco das dúvidas daqueles que gostam de criar espantalhos e falsas simetrias a favor de defender as autoridades e hierarquias, vamos para a questão da vertente.

A problemática das vertentes está em querer sair do julgo do Estado, Capital e Religião
(que será denominado como trindade sombria) e assim criar uma forma nova dentro do socialismo libertário que é confundido com o anarquismo, temos várias: Individualismo, Sindicalismo, Feminismo, Agorismo, Pacifismo, Mutualismo, Insurrecionalista/niilista, Transhumanismo, Queer, Primitivismo, nacional-anarquismo, pos-anarquismo, cristianismo/religioso.
Muitas delas possuem diversos escritos demonstrando o porque são anarquistas, e assim muitos confundem e até mesmo se demonstram bravos quando contestados.
As vertentes do anarquismo se resumem em duas: - Coletivismo e Comunismo
Essas duas vertentes são as que formalizam, demonstram e conferem uma forma nova de relações socioeconômicas fora do julgo da trindade sombria, novas formas de extração, produção, distribuição, trocas e consumo. Elas diferem em alguns pontos precisos, devido a própria analise de que em um determinado tempo, a trindade sombria pode retornar com novos aparatos teóricos e práticos, entretanto é a única coisa que separa essas duas tendências anarquistas.
Sobre o restante, resumidamente:
Individualismo: Uma forma de filosofia, não é uma vertente e suas ações são mínimas, está intimamente ligado com tendências Mutualista, se analisar a ética normativa anarquista, verá que o individualismo é apenas uma tendência liberal de inserção no movimento anarquista, devido a ética, o individualismo se torna irrelevante, filosoficamente pode ser relevante em algum aspecto, fora desse âmbito é algo sem nenhuma forma válida de ações.

Sindicalismo: Uma organização e analise acerca das formas de produção e distribuição nas vertentes anarquistas, está ligado tanto com o coletivismo anarquista como com o comunismo libertário, não é propriamente uma vertente, sua principal analise, ação e filosofia está na autogestão, um postulado presente e necessário a qualquer sociedade libertária.

Feminismo: Uma organização e analise acerca das relações sociais ambíguas (tem a luta de classes como principio, enfrentando é focado em como as relações sociais como o machismo, patriarcado, etc... se formam em qualquer tempo e espaço), podemos dizer que tanto o Sindicalismo e o Feminismo são duas organizações importantes tanto para o coletivismo anarquista ou comunismo libertário.

Abaixo o resumo de uma crítica e duas importantes organizações dentro do anarquismo, será demonstrado agora que as outras organizações do anarquismo, são apenas uma forma de socialismo libertário isolada:

Queer: É uma forma de socialismo libertário derivado das analises de Michael Foucault, entra em uma concepção pós-anarquista, que é a analise do pós-estruturalismo dentro de um anarquismo, mas são formas isoladas de ações, por isso caracteriza uma forma de socialismo libertário.

Transhumanismo: Aqui é uma forma interessante, o transhumanismo como critica e analise social é isolada, por isso é um socialismo libertário, mas suas criticas e analises acerca do uso da tecnologia nas sociedades pode ser delineada dentro das vertentes anarquistas, como ação e novas formas de produção e relações.

Nacional-anarquismo: Não é anarquismo e muito menos socialismo libertário, fiquem espertos, tem uma mascara libertária, mas escondem o segregacionismo e supremacismo. Podem alegar inúmeras coisas, mas sua teoria não passa pelo escrutínio metaético do próprio anarquismo.

Primitivismo: É uma forma de socialismo libertário que seria isolada, tem sua concepção economica e social, mas que inevitavelmente entraria em oposição as outras organizações e vertentes, suas analises acerca da nocividade da tecnologia sobre o julgo da trindade sombria são ótimas.

Agorismo: Uma tática de contra-economia, podemos chamar até de uma forma pacífica e ingênua de luta anti-estatista, se proposto dentro dos alicerces do comunismo libertário poderá fomentar uma revolução mais concreta, mas não necessariamente é viável, pode ser uma variante do ultraliberalismo como do mutualismo, um tática restrita diante a complexidade do sistema de produção capitalista.

Mutualismo: Um socialismo integral propriamente dito, pode ser considerado anarquista, mas que por si já tem um sistema socioeconômico e político definido e delineado, propõe em alguns casos a propriedade privada/pessoal, sua derivação vem do: “trabalhador tem direito exclusivo sobre o produto de seu trabalho”, para com isso realizar trocas voluntárias no livre-mercado anticapitalista formulado por Proudhon.

Cristianismo/Religioso: Baseado no mutualismo mais especificamente, são variações das condutas religiosas em um anarquismo, fazem críticas ao Clero e religião institucionalizada, advogando um princípio secular e progressista em sua retórica, são considerado socialismo libertário.

Com isso, vemos que são organizações, ações ou filosofias; A questão de ser anarquista ou socialista libertário, consiste na forma de expansão da ideia, normalmente as organizações tentam fazer uma forma isolada de teste ou prática de alguma parte teórica do anarquismo, nesse sentindo, para ter uma experiência “anarquista”, muitos grupos criam comunas para “viver em analogia ao capitalismo e Estado”, o anarquismo já é uma experiência internacional e expansionista, que dizer, ele não se contenta em viver de uma forma isolada, mas de criar uma forma antagônica ao sistema da trindade sombria, aumentando o quadro e assim conquistando após uma Revolução Social, as modificações e mudanças necessárias na sociedade. 

Considerações:
Fiz esse texto curto, para tirar algumas dúvidas de vários anarquistas, é um resumo de todos os escritos e experiências que adquirimos através do tempo, não falei do pacifismo pelo fato de ser uma forma de conformismo religioso com a própria situação que nos encontramos no presente, o nacional-anarquismo não merece nem propaganda, dada a sua repugnância e sofisma, o pós-anarquismo é identitário e infeccioso no próprio movimento, cria uma forma de hiperrealismo que deixa a própria luta de classes e em favor do marketing mercantil.
O pós-esquerdismo é uma tendência filosófica boa para as criticas a esquerda, mas que no seu cerne peca pela sua conduta anti-organizativa.
Mesmo o anarquismo sendo uma forma de socialismo, tem suas tendências, filosofias, táticas e programa sólido, estruturado a partir da ética normativa anarquista, o socialismo libertário é uma forma de testes e experimentos isolados, o anarquismo nunca almejou o isolamento, e sim a emancipação.

Eu expandi a explicação a partir desses dois textos: 

As vertentes anarquistas:
 
Uma outra coisa que eu acompanho e uma galera tem dúvidas, é sobre as vertentes. Já li de alguns que existem "80 vertentes" do anarquismo, MENTIRA.
Existem 3 vertentes anarquista e 1 que pode SER CONSIDERADA anarquista. 
São elas: Comunismo, Coletivismo e Primitivismo e por fim o Mutualismo (que pode ser considerado).
O resto são organizações especificas de analise, filosofia ou ação dentro do anarquismo.
O Feminismo é uma forma de analise e filosofia.
Sindicalismo uma forma de organização e ação.
Trans-humanismo uma forma de analise e filosofia.
LGBt uma forma de analise e filosofia.
Agorismo uma forma de ação.
Individualismo uma forma de filosofia.
E outras organizações que tentam se passar por anarquismo, mas que no fim são apenas uma forma de alienar as razões do porque somos anarquista: Pacifismo, cristianismo(religião), queer, pos-anarquismo, nacional-anarquismo, marxismo anarquista (nesse caso comunalista), o de viés de mercado (o capitalismo [sic] ) e assim vai.
Tudo vai pela proposta, sim tem proposta econômica, mas veja que um axioma do anarquismo é a REVOLUÇÃO SOCIAL que seria a transformação, modificação dos pilares sociais, culturais e econômicos que a sociedade hoje está organizada e a criação de novas formas de organização social. Por isso é necessário ter em mente que quando falamos em anarquismo, temos que enxergar que é a modificação, transformação e criação de uma nova forma societária de distribuição, produção, consumo, ética e trabalho, como educação, cultura, ciência e artes.
As vertentes anarquistas estão na forma de produção, distribuição e organização sócio-econômica, neste sentindo, tem similaridades como o anti-estatismo, anti-autoritarismo, anti-burocracia, descentralização, autogestão, horizontalidade; mas, suas concepções de propriedade são pragmáticas e organização socioeconômica também.
Comunismo: Propriedade comum dos meios de produzir, livre-circulação e acesso aos bens de consumo que desejar, sem a existência de mercado, preço e salários.
(De cada qual pela sua necessidade, de cada qual pela sua capacidade)
Coletivismo: Propriedade coletiva dos meios de produzir, livre-comércio de viés cooperativo, existe mercado e salário.
(De cada qual pela sua necessidade, de cada qual pelo seu trabalho)
Primitivismo: Não me lembro de se existe uma forma de propriedade, na realidade é pouco difundido nos meios anarquistas, grande parte dos anprim que eu já conversei, tem sua forma isolada de viver.
As vertentes anarquistas estão fundadas, na proposta sócio-econômica de organização societária, isso é, elas prezam pela abolição das autoridades, hierarquias, estado, chefes, patrões e pelo acesso coletivo ou comum das pessoas aos bens de consumo, desenvolvimento das capacidades intelectuais, morais, científicas e artísticas das mesmas.
A briga é exatamente na questão da existência de algumas variáveis (salário,mercado, preço) que pode fazer a sociedade retornar ou aos poucos recriar as relações hierárquicas e autoritárias, e ai entra a questão "qual é a melhor", e entendam, os clássicos não tiraram essas vertentes do nada, são constatações, comprovações e até mesmo práticas que ocorreram, isoladas em vários casos, mas que puderam em meio tempo ser vista em prática.
Existe também uma diferença entre experimentação e isolamento, grande parte dos casos isolados de comunas para "ter uma experiência anarquista" é socialista libertária, o anarquismo é uma experiência internacional e global e não algo restrito a comuna.

A ética normativa anarquista:

  O anarquismo é o desenvolvimento de uma ética normativa, por ser a negação do governo, autoridade e hierarquia, ele forma uma ética normativa a partir dos termos auto-governo, liberdade e horizontalidade.
Esses termos dentro da ética normativa, é como os seres devem agir para que concretizem de forma sucinta os próprios termos, ou seja, começa com Jean Joseph May "O governo sem governantes e governados" e isso denota o que se entende por liberdade e horizontalidade dentro do anarquismo, consequentemente, a base ética evolui até incluir a igualdade, fraternidade, emancipação, equidade.
Porque é uma ética normativa? - Porque denota um critério sobre o "bom" "mau" "correto" "incorreto", que é, o auto-governo!
Ao modificar a estrutura semântica 'anarquista' e assim atribuir teoria e prática em um plano social, econômico, político, educacional e cultural o desenvolvimento se denota pelo princípio ético normativo (Ninguém governa ou é governado), esse principio é elevado a sociedade: Igualdade, horizontalidade, a economia: Descentralização, autogestão, Sem chefes, a política: Sem Estado, classes ou governo, a cultura: Sem autoridade, submissão, dominação e a educação: Livre-desenvolvimento, pedagogia libertária.
Por ser uma estrutura base do desenvolvimento da teoria e prática anarquista, ela é inerente ao próprio anarquismo em qualquer tempo e espaço.
Com o avanço prático, abordagens sociais, econômicas e o desenvolvimento intelectual do próprio anarquismo, a base da ética normativa deriva uma metaética anarquista (comunista libertária), que compreende a partir da ação do autogoverno de todos a partir de todos, os pilares metaéticos devem estar fundados na ajuda mútua e cooperação.
No sentindo geral: Ao aplicar a ética normativa: Auto-governo, liberdade e horizontalidade.
Denoto que as ações a partir desses termos são bons e corretos, e o contrário disso é mau e incorreto.
Ao governar outrem, estarei agindo de forma incorreta, ao querer ser superior ou criar hierarquias, estarei agindo de forma má e repressiva, e ao restringir os outros o pleno desenvolvimento, como os meios de subsistência estarei agindo de forma má e totalmente alienada com os outros seres que dependem do acesso.





quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Individualismo e mercado liberal - Uma critica antiga que continua recente.

Individualismo




Entendo por individualismo essa tendência que – considerando toda a sociedade, a massa dos indivíduos, como indiferentes, rivais, concorrentes, como inimigos naturais, em resumo, com os quais cada um é forçado a viver, mas que obstruem o caminho a cada um – leva o indivíduo a conquistar e a estabelecer seu próprio bem-estar, sua prosperidade, sua felicidade apesar de todos, em detrimento e no dorso de todos os outros. É uma corrida ao campanário, um salve-se-quem-puder geral, em que cada um tenta chegar primeiro. Ai dos fracos que param, eles são ultrapassados. Ai daqueles que, fatigados, caem no percurso, eles são imediatamente esmagados. A concorrência não tem coração, não tem piedade. Ai dos vencidos! Nessa luta, necessariamente, muitos crimes serão cometidos; toda essa luta fratricida, por sinal, outra coisa não é senão um crime contínuo contra a solidariedade humana, que é a única base de toda moral. O Estado, que, segundo se diz, é o representante e o vingador da justiça, não impede a perpetração desses crimes, eles os perpetua e os legaliza, ao contrário. O que ele representa, o que ele defende, não é a justiça humana, é a justiça jurídica, que é apenas a consagração do triunfo dos fortes sobre os fracos, dos ricos sobre os pobres. O Estado só exige uma coisa: que todos esses crimes sejam cometidos legalmente. Posso arruinar-vos, esmagar-vos, matar-vos, mas devo fazê-lo observando as leis. De outra forma, sou declarado criminoso e tratado como tal. Tal é o sentido desse princípio, dessa palavra, o individualismo.

Vejamos a política. Como se expressa seu princípio?
As massas, diz-se, precisam ser conduzidas, governadas; elas são incapazes de se autogovernarem. Quem as governará? Não há mais privilégio de classe. Todos têm o direito de subir às mais altas posições e funções sociais.
Mas para consegui-lo é preciso ser inteligente, hábil; é preciso ser forte e feliz; é preciso saber e poder sobrepujar todos os rivais. Eis mais uma corrida ao campanário: serão os indivíduos hábeis e fortes que governarão, que tosquiarão as massas.

Consideramos agora esse mesmo princípio na questão econômica, que é, no fundo, a principal, poder-se-ia mesmo dizer, a única questão. Os economistas burgueses nos dizem que eles são partidários de uma liberdade ilimitada dos indivíduos e que a concorrência é a condição dessa liberdade. Mas vejamos qual é essa liberdade. E, antes de mais nada, uma primeira questão: foi o trabalho separado, isolado, que produziu e que continua a produzir todas essas riquezas maravilhosas das quais nosso século se glorifica? Sabemos muito bem que não. O trabalho isolado dos indivíduos mal seria capaz de alimentar e vestir um pequeno povo de selvagens; uma grande nação só se torna rica e só pode subsistir pelo trabalho coletivo, solidariamente organizado. O trabalho para a produção de riquezas sendo coletivo, pareceria lógico que a fruição dessas riquezas também o fosse, não é mesmo? Pois bem, eis que não quer, o que rejeita com ódio a economia burguesa. Ela quer a fruição isolada dos indivíduos.
Mas de que indivíduos? De todos? Oh, não, absolutamente. Ela quer a fruição dos fortes, dos inteligentes, dos hábeis, dos felizes. Ah! Sim, dos felizes sobretudo.
Isso porque sua organização social, e de acordo com a lei de herança que é seu fundamento principal, nasce uma minoria de indivíduos mais ou menos ricos, felizes e milhões de seres humanos deserdados, infelizes. Em seguida, a sociedade burguesa diz a todos esses indivíduos: lutai, disputai o prêmio, o bem-estar, a riqueza, o poder político. Os vencedores serão felizes. Há pelos menos igualdade nessa luta fratricida? Não, em absoluto. Uns, em pequeno número, estão armados dos pés à cabeça, fortes por sua instrução e sua riqueza herdadas, e os milhões de homens do povo apresentam-se na arena quase nus, com sua ignorância e sua miséria igualmente herdadas. Qual é o resultado necessário dessa concorrência pretensamente livre?
O povo sucumbe, a burguesia triunfa, e o proletário acorrentado é obrigado a trabalhar como um forçado para seu eterno vencedor, o burguês.

[…] Eis, portanto, uma primeira consequência funesta dessa concorrência, dessa luta intestina na produção burguesa. Ela tende necessariamente a substituir os bons produtos por produtos medíocres , os trabalhadores hábeis por trabalhadores medíocres.

Nessa concorrência, nesta luta pelo preço mais baixo, os grandes capitais devem necessariamente esmagar os pequenos capitais, os grandes burgueses devem arruinar os pequenos burgueses. Uma imensa fábrica pode naturalmente confeccionar seus produtos e vendê-los mais baratos do que uma fábrica pequena ou média.
A instituição de uma grande fábrica exige naturalmente um grande capital, mas, proporcionalmente ao que ela pode produzir, custa mais barato do que uma fábrica pequena ou média: 100.000 francos são mais do que 10.000 francos, mas 100.000 francos empregados em uma fábrica renderão 20%, 30%; enquanto que os 10.000 francos, empregados da mesma maneira, só renderão 10%. O grande fabricante economiza no prédio, nas matérias-primas, nas máquinas; empregando muito mais trabalhadores do que o pequeno ou médio fabricante, ele também economiza, ou ganha, por melhor organização e maior divisão do trabalho. Resumindo, com 100.000 francos concentrados em suas mãos e empregados no estabelecimento e na organização de uma fabricação única, ele produz muito mais do que dez fabricantes empregando cada um 10.000 francos; assim, se cada um desses últimos realiza, sobre os 10.000 francos empregados, um lucro líquido de 2.000 francos, por exemplo, o fabricante que estabelece e organiza uma grande fábrica, que lhe custa 100.000 francos, ganha sobre cada 10.000 francos, 5.000 ou 6.000 francos, ou seja, ele produz 5 ou 6 vezes mais mercadorias. Produzindo proporcionalmente muito mais, pode obviamente vender seus produtos a preço muito menor do que os pequenos e médios fabricantes; mas, vendendo-os mais baratos, força igualmente os pequenos ou médios fabricantes a baixarem seu preço, sem o que seus produtos não seriam comprados. Mas como a produção desses produtos custa-lhes muito mais caro do que ao grande fabricante vendendo-os ao preço do grande fabricante eles se arruínam. É assim que os grandes capitais matam os pequenos capitais, e, se os grandes encontram maiores do que eles próprios, são, por sua vez, esmagados.



É tão verdadeiro que há, hoje, nos grandes capitais, uma tendência ostensiva a se associarem para constituírem capitais monstruosamente formidáveis. […] Na organização econômica da sociedade atual esse empobrecimento sucessivo da grande massa da burguesia, em proveito de um número restrito de monstruosos capitalistas, é uma lei inexorável, contra a qual outro remédio não há senão a revolução social.
[…] As consequências dessa concorrência burguesa são desastrosas para o proletariado. Forçados a vender seus produtos – ou ainda os produtos dos operários que exploram – ao menor preço possível, os fabricantes devem necessariamente pagar a seus operários o salário mais baixo possível. Consequentemente, não podem mais pagar o talento, o gênio de seus operários. Devem procurar o trabalho que se vende, que é forçado a se vender, ao valor mais baixo. […] Foi provado e reconhecido por todos os economistas burgueses que a medida do salário do operário é sempre determinada pelo valor de sua manutenção: assim, se um operário pudesse alojar-se, vestir-se, alimentar-se por um franco ao dia, seu salário cairia rapidamente a um franco. E Isso por uma razão bem simples: é que os operários, acossados pela fome, são forçados a fazer concorrência entre si, e o fabricante, impaciente para enriquecer o mais rápido possível pela exploração do trabalho alheio, é forçado, por outro lado, pela concorrência burguesa, a vender seus produtos ao menor preço possível, empregará obviamente os operários que, pelo menor salário, lhe oferecerão o máximo de horas de trabalho.


Referência:
[O Princípio do Estado e outros Ensaios, trechos da pg: 95 - 102]

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Mate a autoridade que existe dentro de você



Quando você é anarquista, é porque deixou para trás toda a dependência da autoridade, messianismo ou do governismo, você percebe que, a anarquia devolve-lhe a consciência a muito perdida pelo emburrecimento que o Estado, Capitalismo e Religião fornece, a consciência que você é o responsável por suas ações e que é o único que pode mudar as coisas ao seu redor, e conforme vai criando essa consciência, a organização ou criação de organizações para a conquista da emancipação da classe oprimida se torna mais visível, mas perto, e então compreende que a revolução social é o único meio de destruir os pilares, sustentáculos que a autoridade, despotismo, exploração, machismo, xenofobia, lgbtfobia estão vinculados, não depende mais de políticos ou instituições políticas, apenas da sua própria vontade em organizar coletivos em seu bairro ou cidade.
Todos os grandes anarquistas na história do movimento, se deram conta do auto-governo, auto-responsabilidade, ajuda mútua, cooperação, solidariedade, ação e movimento, que sem isso, o corpo padece, o corpo é sustentado por politicagem e migalhas, a consciência é parasitada por analises débeis e metafísicas sobre a sociedade, sem o retorno a consciência humana, a uma evolução intelectual, os anarquistas que padecem aos movimentos de esquerda, reformismo e uma esperança chula que um dia irá de ser alcançado o anarquismo pleno na sociedade, se tornam aos poucos, tudo aquilo que um dia no ápice de sua revolta, de sua vontade lutaram contra, esses anarquistas reformista e democratas, aos poucos começam a sair do movimento e a dificulta-lo, pois não tem de fato o "diabo no corpo", se perdem em devaneios marxistas de organização estatal, em politicagem identitária, e não percebem que o anarquismo não é algo que vai vir de fora por Messias e Políticos, mas sim, algo que se constrói aos poucos, com seus amigos, colegas, mendigos, proletários, camponeses, operários, etc... Não é algo que já vem com a fórmula resolvida, e sim algo que tem que ser formulado conforme a organização vai crescendo, se ser anarquista fosse fácil, hoje, não existiria nenhum tipo de governo, exploração ou autoritarismo. Mas, não é assim que as coisas funcionam, as pessoas que lutam pelo poder, pela sociedade de classes, pela disputa governamental, utilizam do mesmo discurso da servidão voluntária:

"Veja, me apoie, que lhe dou ou ajudo com isso"; 
"Continue a ser um assalariado, que um dia você será um patrão";
"Me obedeça, porque eu sou a Lei e a Justiça";

E o discurso é infinito, quando se trata de poucos governar muitos, utilizam de sofismas, paralogismos, ciência enviesada ou do próprio medo, a simbiose entre o Estado, Religião e Capitalismo é uma coisa extraordinariamente incrível e boçal, a metafísica da necessidade autoritária para continuar com o poder sobre os outros, domínio e controle é puramente idiota.
Acorde, o anarquismo não vem de fora, e sim de cada um de nós, os objetivos nós temos, o que nos falta é organização, ação e movimento.

O único governo decente é o auto-governo de Si-mesmo

"O líder é a negação da liderança dos indivíduos. Ele impede o movimento autônomo dos agrupados, pois evita que eles tomem decisões, como acontece no processo da democracia representativa. O melhor seria, acreditamos, que qualquer tipo de autoridade fosse se desfazendo com o tempo para dar lugar a autonomia dos indivíduos e da coletividade, todavia, não é absurdo que existam pessoas mais admiradas, respeitadas e valoradas do que outras, tal como, não é absurdo dizer que essas pessoas exercem certa autoridade sobre seus companheiros.
Ainda existe, entre outros, um grande perigo no processo de liderança. A organização que trabalha de forma hierárquica ou com lideranças informais permanentes só atrai indivíduos fracos e inseguros, incapazes de tomar decisões e incapazes de criação; são aqueles indivíduos que devem seguir toda cartilha de alguma teoria já pronta. Em um grupo, o líder do grupo muitas vezes é quem se identifica com o “espírito do grupo” e isso acaba por tornar-se problemático. Identificado como espírito do grupo o indivíduo reforça apenas opiniões simétricas as suas e tenta “coletivizar” o pensamento do grupo, no sentido de reificar todos ao mesmo pensamento. Nesta tentativa de coletivizar as opiniões, cortando as individualidades e diferenças, a singularidade se degenera em egoísmo contido, reprimido, pois surge uma necessidade latente de opiniões próprias.
Evidente que é necessário opiniões comuns e objetivos claros, mas, não é interessante a formação de robôs ideologicamente controlados por contingências externas. Acreditamos que o melhor processo grupal se de na maneira horizontal, não só com votos iguais a todos, mas também estimulando, a todo momento, a autonomia dos indivíduos e não apenas do grupo. O grupo não pode estraçalhar o indivíduo, tal como, o indivíduo também não pode passar por cima do grupo. Novamente estamos num ponto dialético e tenso, pois uma relativa permissividade deve ser possível, ao mesmo tempo em que contradições absurdas devem ser podadas, como, por exemplo, um indivíduo que seja a favor da pena de morte entrar para um grupo de pacifistas, um autoritário ou capitalista entrar num grupo anarquista"

 

Não tem como ser diferente, é a própria massa oprimida que tem que organizar-se e lutar, não é o governo de uma minoria que vai fazer isso por elas, e ela própria, mas é ai que mora o problema, e, é ai que os corruptos e o mau-caratismo se dão bem, eles sabem que a massa oprimida não tem uma organização de fato, são como ovelhas cegas e surdas, perdidas em um campo de consumo, poder e tragédia, influenciado a pensar que os que tão no 'poder' são pessoas de uma outra categoria, uma outra dimensão, pessoas 'boas e honestas', elas volte e meia dizem coisas do tipo:
"Tem que fazer uma reforma de plebiscito" 
"Tem que colocar pessoas honestas lá"
"O povo tem que ser honesto também"
E não percebem que por de baixo dessa fé e esperança, é o próprio sistema que é corrupto, desonesto e criminoso, o sistema forma isso, é do próprio sistema Estatal e Capitalista como também Religioso, criar servis e reis, escravos e senhores, é a condição da própria essência hierárquica das relações sociais que só são 'iguais' em cartório. Por mais que os melhores homens e mulheres até então, assumam um posto dentro do Estado ou até mesmo de uma Empresa, um cargo de chefia, um cargo alto, eles vão se corromper, é necessário e é melhor, são burocracias e burocracias, são pessoas humanas com todos os defeitos possíveis que conforme vai alimentando sua persona, e vendo que fora disto os servis e escravos demonstram 'medo', o poder é uma dádiva para elas.
O engraçado fato dos socialistas então considerados por eles mesmos de científicos, não perceberem a própria desilusão, contrarrevolução que o exercer o poder, controle e domínio sobre os próprios companheiros faz é irrisório, nesse aspecto, eles realmente creem que o governo de uma 'minoria bem intencionada' vai fazer algo grandioso pela classe trabalhadora e campesina, erro de idealistas e metafísicos, por mais 'bem intencionado' que essa minoria seja, ela está a mercê de outros grupos tão 'bem intencionado' quanto, pois, os grupos diferentes tem as mesmas 'boas intenções' caso ocupe o poder. E a essência do poder, os que querem 'sempre serão bem intencionados', sempre irão lutar por uma "causa justa e benevolente", mas chegando no Altar, lá se demonstra toda a contrariedade dessa causa, pois não e só o "bem intencionado" que está lá, e sim toda uma corja de pessoas que o ajudarão a executar todos os seus planos, contanto que "não faça isso aqui" ou "aprove isso lá", pois é assim que o sistema de poder funciona, para você ter poder, é necessário que os outros concedam, e para os outros conceder o poder, é necessário o emburrecimento das massas, força, mentiras, omissões e conspirações, só assim para a própria massa não perceber de sua própria servidão voluntária, por mais que o socialismo dito "científico" se coloque, como o "defensor do proletário", não passam de governistas idealistas, querendo apenas mamar um pouco da riqueza socialmente produzida e cravar seu nome na história, acima do sangue daqueles que eram sua causa de luta. 
Hoje, o socialismo "científico", não passa de luxo burguês intelectual, a irrelevância dele na base operária e industrial de chão é bem visível, mas, como assim;
"O Socialismo marxista só está no vocal acadêmico"
"O Socialismo marxista é apenas chapa eleitoreira"
"O Socialismo marxista é apenas uma desculpa de proletários ganhar em cima de outros proletários"
Eis a essência de todo o socialismo "científico", nunca passou de uma proposta intelectual e pequeno burguesa na história do movimento operário e socialista, produziram obras excelente sobre o socialismo, isso não tem como negar, mas se tratando de movimento real de luta, não passou de idealizações, corrupções, mentiras, catástrofe e apaziguamento de classes, por mais que eles digam das experiências da URSS, Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, Iugoslávia e outros satélites, sempre quando questionados sobre fatos reais e históricos do próprio movimento, sempre dizem; "Isso não era o socialismo real", "Era capitalismo de Estado", e outras desculpas, claro que sabemos muito bem do contexto histórico das revoluções, imperialismo e negociações comerciais, mas, isso é até óbvio, pois, a luta socialista científica por mais que digam que é internacionalista, sempre foram nacionalistas, pois é a própria base teórica do socialismo "científico" que prega a evolução dos modos de produção em países precários, para 'poder dar certo', então é até meio óbvio pegar um país semi-feudal como foi o caso da Rússia e ter várias divergências, mas isso não é culpa do momento histórico e sim da própria teoria que é limitante e anticientífica, não só lá, em outros países idem, veja o caso de Cuba ou Venezuela, independente do bloqueio econômico que sofrem e sofreram, a evolução do próprio povo é lenta e caótica, todos tem educação, mas uma educação para idolatria é a mesma educação burguesa de praxe, algumas coisas boas ocorreram, mas em sua totalidade, se resume apenas a contrarrevolução e apaziguamento, e ainda sim, no momento que viram a cagada, correm para dizer:
"Não foi socialismo de verdade". 
Aconteceu na comuna de Paris e aconteceu na própria URSS, com a Rosa Luxemburgo e os 'comunalistas', vocês precisam dizer que não é ou em algum momento é, só assim para que o marxismo seja visto como "movimento prático" e não apenas como alimentador de ego de intelectuais.
E ainda sim, querem falar sobre o anarquismo, infelizes e decadentes, pensam apenas em si próprios, em seus ganhos através do Estado, através da riqueza socialmente produzida coletivamente, jamais propõe de fato algo notável, não fazem nada além do jogo burguês liberal da representatividade, sempre limitando as lutas operárias pelo Brasil e mundo, se a luta não tiver a foto de Marx em sua bandeira, então não é 'luta proletária', dignos de pena são os socialistas marxistas, intelectuais e proletários classe média, que a única coisa que enxergam de fato é apenas a hora de conquistar o poder do Estado para então, poderem fazer tudo o que quiserem sobre o emblema de "luta pela classe operária", fazendo assim a verdadeira propaganda anticomunista e antisocialista da história.
Toda a propaganda anticomunista existente tem seu respaldo na própria ingenuidade das práticas pseudocientíficas do marxismo, não enxergam o fato que, o comunismo como teorizado (não por Marx, pois esse só fodeu com o comunismo) é anti-estatista e anti-autoritário, não tem como ser comunista e disputar eleições, partidos comunistas não passam de propaganda anticomunista, comunistas de fato não lutam pelo sufrágio universal, e sim pela organização, ocupação e revolução social dos trabalhadores e trabalhadoras. Comunista não idolatra, não forma hierarquias, e sim está lá junto ao trabalhador lutando, organizando-o em seu próprio local de trabalho, em sua própria capacidade.
Nos dizem, o que o anarquismo conquistou, dizemos, apaixonados pela liberdade, devotos da emancipação das massas oprimidas, caralho, mesmo sabendo que vocês sempre irão trair nós, sempre nos apunhalar pelas costas, estaremos no fronte, lutando contra toda forma de opressão, lutando com o povo, toda vez que vocês traíram e nos trair novamente, é uma traição direto no seio da massa oprimida, vocês não trai apenas os anarquistas, e sim toda massa oprimida que luta com nós que nos apoia, pois o anarquismo não é um "partido" uma organização "fora das massas" é a própria massa organizada no anarquismo que luta.
Por isso nunca terá "aliança" entre nós, verdadeiros comunistas anarquistas e vocês socialistas "científicos" e estatistas, nós somos parte do povo, o anarquismo é a essência do povo, e vocês são apenas mais uns governistas tentando continuar com as formas de opressões que a própria essência de governar os outros sustenta, por mais que digam que não, a prática demonstra que sim!

O auto-governo como axioma anarquista


A individuação do anarquismo depende do livre-desenvolvimento, assim o Si-Mesmo se torna absoluto sem nenhuma contradição ao coletivo, devido as projeções do indivíduo no coletivo e o contrário idem.



O anarquismo já é individualista per si, ele começa como uma simples "ofensa" contra todos aqueles que eram contrário a "ordem e bons costumes" vigente, passou de uma "ofensa" para uma filosofia, já não era considerado mais "ofensa" no seio do povo e sim uma organização social plena, o anarquismo parte da negação do governo e autoridade, e para isso em sua filosofia propõe o auto-governo e auto-gestão, nesse aspecto, um anarquista o é, porque em si é o seu próprio governo, Proudhon mesmo sendo considerado o "pai do Anarquismo", apenas contribuiu com algo que já estava sendo divulgado na época;

"O famoso sistema de governo an-árquico, isto é, do governo sem governantes nem governados, não é nem mais nem menos que a propriedade do falecido Sr. May”
Não tem necessidade de uma corrente individualista dentro do movimento anarquista, o anarquista, isto é, o ser autogovernado, ou cria uma coletividade ou participa livremente de uma coletividade, para ações, organização e trabalho.
Proudhon parte de um equilíbrio entre autoridade x liberdade, estado x federação libertária, o anarquismo não pede pelo equilibrio e sim pela abolição, não pede por contratos a esmo (denotando pequenos estados em cada lugar) e sim associações livres.
O Sistema de Proudhon é o mutualista, o nosso é o anarquista!
O ultraliberalismo ("anarco"capitalismo) é uma teoria jurídica, o anarquismo é uma teoria social, o ultraliberalismo vê a liberdade a apenas aqueles que tem dinheiro, e a liberdade 'irrestrita' que dizer, dentro de sua propriedade você pode tudo, pois a sua propriedade é a extensão do seu ser; o anarquismo vê a liberdade como patamar pleno, onde existe um escravo, ninguém é livre, a liberdade do anarquismo não está fundado na libertinagem ultraliberal, e sim na evolução do ser em si e nos outros, o livre-desenvolvimento (moral, intelectual, artístico e cientifico) a liberdade do anarquismo é a extensão de si na sociedade; "Eu só serei verdadeiramente livre, quanto todos os homens e mulheres que me cercam forem verdadeiramente livres, pois a liberdade deles completa a minha liberdade, a minha liberdade completa a liberdade deles" Bakunin, o anarquismo é uma proposta de modificação real de todas as relações sociais, econômicas, culturais e tradicionais baseada na exploração, hierarquia, opressão, machismo, xenofobia e religiosidade.
O anarquismo por ter começado como uma filosofia, é materialista/fisicalista/monista, naturalista como cientifica, suas bases são a luta material na realidade que nos compõe, não pensamos no futuro como algo "gradativo" e sim algo pro agora, o anarquismo é uma filosofia de ação e movimento, de organização e luta, e não algo que pode dar certo no futuro.
O anarquismo com sua denotação LIBERTÁRIO é e sempre será anticapitalista, antiestatista e antiautoritário, e a filosofia base do anarquismo e do termo libertário que o fez e faz ser o que é.
O Ultraliberalismo surgiu apenas como uma simples "raiva contra o Estado", ele não quer de fato a abolição dos Estados, mas, sim a negação de sua regularização no âmbito econômico, o ultraliberalismo é a proposta de um "Estado Privado" no lugar do "Estado de Direito", criam estruturas jurídicas na mesma proporção que o Estado normal, o anarquismo não luta pela manutenção do Estado seja ele qual for, pois todo o Estado é liberticida apoditicamente, seja de direito, privado, bem-estar, socialista, monarquista, teocrático, cientifico. Ele sempre vai ser liberticida, mas, para os ultraliberais, assumir um cargo público é "normal", pois assim poderá retirar a influência do Estado da economia.
Enquanto o anarquismo é uma filosofia, movimento e ação das massas oprimidas contra toda forma de poder, autoritarismo, opressão, machismo, xenofobia, racismo, lgbtofobia. 
O Ultraliberalismo é uma proposta jurídica de ação só contra a influência estatal dentro da economia.
Então temos aqui: 
Anarquismo sendo a negação do governo e autoridade, propõe o auto-governo e a auto-gestão. 
Todo anarquista pode se quiser, criar ou se juntar em associações livremente constituídas, para criar, inovar, trabalhar, renovar ou agir conforme sua vontade e critérios. 
O anarquismo é individualista em sua base, porém, em sua totalidade promove uma organização social e economica longe de qualquer opressão e autoritarismo, para isso, advoga a horizontalidade, ajuda mútua, solidariedade e a propriedade comum dos meios de produção, para que assim cada pessoa possa conforme sua capacidade se desenvolver livremente para ter a sua liberdade mais ampla e ajudar a sociedade a progredir cada vez mais.
Ultraliberalismo não representa em nada o anarquismo, nem o individualismo.
Se você crê que a "coletividade" impõe algo, é porque de fato não sabe o que é anarquismo!
A coletividade não pode impor, pois o anarquismo não é imposto, é você que escolhe livremente fazer parte ou então criar um coletivo para organização, movimento e ação.
Anarquismo sem movimento e ação, não é anarquismo, nossa luta não é gradativa é revolucionária!

sábado, 14 de outubro de 2017

Postulados e o Teorema do Anarquismo

Algumas coisas básicas do anarquismo (aspecto teórico):




- Começa com postulados filosóficos (auto-governo, autogestão, liberdade, solidariedade, respeito e ajuda mutua, antiautoritarismo e anti-politica, e a ética e moral anarquista).
- Dos postulados se criou todo o contexto histórico, social e econômico do anarquismo, o anarquismo passou de filosofia a doutrina teórica e prática.
- O anarquismo prega um sistema político antipolítico, isto é, uma federação ou comunismo territorialista, sem instituições governamentais e jurídicas, de baixo para cima, cada comuna interdependente e autônoma.
- O anarquismo parte da organização social para o sistema político e não do sistema político para uma organização social.
- O sistema econômico no anarquismo parte da alocação de recursos, isto é, parte pelo principio dos meios de produzir e manufaturar os produtos, ou seja, parte da propriedade comum dos meios de produção e fatores produtivos.
- O sistema econômico no anarquismo tem como postulado principal a autogestão e propriedade comum.
- O sistema de trocas de produtos, está postulado nas trocas diretas entre os produtores e consumidores.
- O anarquismo postulou toda sua ação e transformação, no materialismo, naturalismo das relações sociais, econômicas e jurídicas, nesse caso, o anarquismo não é uma teoria que foi para a prática, e sim uma prática que se transformou em teoria, os postulados iniciais foram formulados a partir dos grupos práticos.
- O anarquismo concebe a luta de classes ou a massa explorada como fator principal de luta e ação, a exploração capitalista é uma prática, que foi formulada em teoria para saber como funciona (valor-trabalho, mais-valia, etc...).
- O anarquismo concebe o antiautoritarismo e a antipolitica, como fator principal de transformação e movimento, o autoritarismo das instituições políticas (governo, monarquismo, parlamentarismo, etc..) em volta das instituições jurídicas (Estado, leis, exército, etc..) são liberticidas e fatais para a organização social baseada na ética anarquista.
- A ética anarquista tem seu principal axioma e formulação a partir da ajuda mutua e solidariedade, negando todo o individualismo baseado nas concepções de: Concorrência, guerra de todos contra todos, trabalho individual independente, acumulo de riquezas socialmente produzida, rivalidade, inimigos naturais.
- Por mais que exista diversas vertentes no anarquismo, sua composição básica e objetiva são apenas três: Coletivismo libertário, Primitivismo e o Comunismo Libertário, as outras são apenas concepções de luta.
- O anarquismo com o seu axioma central (auto-governo), denota a individualidade per si, isto é, um anarquista detesta qualquer forma de governo e detesta ao mesmo tempo governar outros semelhantes, a individualidade nesse aspecto que sustenta toda a ética anarquista que é o postulado base do anarquismo (ajuda mútua e solidariedade), parte dessa acepção apodítica.
- O anarquismo entende a liberdade não como "onde começa a sua liberdade, termina a minha", e sim como "a sua liberdade completa a de todos, e a de todos completa a sua liberdade", a liberdade só pode ser extensiva e nunca reduzir.
- E para a liberdade no anarquismo existir, a igualdade social e econômica como jurídica deve existir: Nesse aspecto, não existe mais a divisão de classes (pobres, miseráveis, ricos, etc..) não existe mais instituições jurídicas (leis, propriedade privada, Estado, contratos, exército, policia, tribunal, etc..) e nem instituições econômicas ( Hierarquias, autarquias, corporativismo, etc..) como também não tem instituições políticas (governo, monarquismo, socialismo estatista, etc.)
- A igualdade social, econômica e jurídica se baseia:
Igualdade social: Todos são considerados iguais e livres, perante a todos, ninguém tem mais o poder material sobre os outros, todos são capazes e autônomos para se associar e ou trabalhar interdependente a todos os outros; 
Igualdade econômica: Todos podem usar e ou utilizar as ferramentas necessárias para a produção dos bens de consumo, necessidades e desejos presente em cada ser, todos tem acesso a todas as formas econômicas de produção e distribuição;
Igualdade jurídica: O Livre-desenvolvimento, isto é, para a igualdade social e econômica serem plena, como a liberdade, é necessário o desenvolvimento pleno de todos os seres humanos, é uma lei universal geral a todas as federações ou comunismo territorialista no mundo.

- O livre-desenvolvimento está baseado nas seguintes condições universais: Instrução cientifica, desenvolvimento intelectual, moral e artístico.
- As religiões no anarquismo são abolidas, a fé como preceito individual não, por isso, a pedagogia libertária e o livre-desenvolvimento são, materialista/fisicalista, monista, naturalista antiteísta e ateísta.
- Autogestão no anarquismo, é uma associação dos trabalhadores livremente associados, onde eles conduzem junto a comuna ou federação ou comunismo territorialista, toda a produção e distribuição dos produtos, não existe chefes ou patrão, cada trabalhador vai executar aquilo que sua capacidade o é, claro que, organizado e planejado normalmente.
- O anarquismo tem um teorema, que é a REVOLUÇÃO SOCIAL, este teorema é baseado nos postulados acima, o teorema tem sua principal composição lógica: Revolta, Ação e transformação, para mudar o quadro social vigente, é necessário uma nova organização social, econômica e jurídica para alcançar os postulados.
Nesse aspecto faço um resumo sobre o anarquismo:
1 - Doutrina teórica e prática;
2 - Autogoverno e autogestão como postulado chave;
3 - Postulado base ( ética anarquista: ajuda mútua e solidariedade);
4 - Postulados gerais (livre-desenvolvimento, igualdade, fraternidade, propriedade comum dos meios de produção e fatores produtivos, abolição das classes, abolição das instituições políticas, econômicas e jurídicas, negação do individualismo burguês);
5 - Teorema geral: Revolução Social, modificação e transformação de toda sociedade;
6 - Materialismo sociológico, dialética negativa e dialética geográfica (Reclus);
7 - Doutrina da classe trabalhadora e da massa oprimida.

São postulados e teorema gerais do anarquismo, fundamentado por Joseph Dejacque, Jean Joseph May, Comunistas Materialistas, Bakunin, Reclus, Kropotkin, Emma, Alexander, Malatesta, Maria Lacerda de Moura, Louisa Sarah Bevington, e outros anarquista e militantes revolucionários ao longo de mais de 200 anos.
Esses são praticamente os objetivos gerais do anarquismo e toda sua organização, ao negar os postulados, inegavelmente estará negando o próprio anarquismo. 
Claro que os postulados e o teorema são os objetivos gerais, o anarquista é livre e autônomo para criar coletivos ou não e criar toda sua ação, para alcançar uma sociedade anarquista.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Critica ao texto de Friedrich Engels - Sobre a Autoridade -

Friedrich Engels em 1873 fez um texto criticando os anti-autoritarios a sua posição contrária a qualquer autoridade, seja política, empresarial ou jurídica.

Além de não saber absolutamente nada sobre as propostas anarquistas, que então eram mais práticas que teóricas, confundem a autoridade imposta no meio social (ser x ser) com a ecologia e meio-ambiente (natureza e ser).

Essa critica tem suposições modernas, ou seja, só para demonstrar os erros que ele comete, e que, todo marxista comete ao falar sobre o anarquismo.

Vamos ao texto:


"Todos estes operários, homens, mulh
eres e crianças são obrigados a começar e a acabar o seu trabalho a horas determinadas pela autoridade do vapor que não se importa com a autonomia individual. "

Caralho, como se uma "maquina a vapor" impusesse algo né?

"É preciso, pois, primeiramente, que os operários se entendam quanto às horas de trabalho, e que essas horas, uma vez fixadas, se tornem a regra para todos, sem nenhuma exceção."

Errado pra caralho, a organização de trabalho por ser associações livres e cada qual sua capacidade sabe o que tem que fazer, as horas são dinâmicas e como também, as horas não são fixas, dado que cada operário tem um trabalho X a fazer, um operário pode realizar a limpeza do local em 2horas enquanto o outro operário que cuida da parte mecânica 4 horas, não que dizer que sejam fixas e sim que o trabalho pode ser demorado ou rápido.

"Depois, em cada uma das salas e constantemente, surgem questões de detalhe sobre o modo de produção, sobre a distribuição dos materiais, etc., questões que é preciso resolver imediatamente, sob pena de ver parar toda a produção; quer se resolvam pela decisão de um delegado proposto por cada ramo de trabalho, ou, se possível, pelo voto da maioria, a vontade individual deve sempre subordinar-se; quer isto dizer que as questões serão resolvidas autoritariamente."

Ora, ai ele impõe uma visão bem precária, ele supõe que as decisões de modos de produção imediatas são obrigatórias, primeiro porque a organização operária terá evoluído toda à logística relativa a isto, que dizer, diminuir as consequências burguesas de demanda, ele como todo marxista pelego, acha que depois da revolução social (isso que a revolução pode demorar dias ou décadas para acabar) a organização de trabalho, logística, administração, etc... vai continuar com a tendência burguesa e centralismo liberal de sempre, ou seja apenas suposição sem teor real. As questões serão resolvidas conforme sua necessidade.



"O mecanismo automático de uma grande fábrica é bem mais tirânico do que alguma vez o conseguirão ser os pequenos capitalistas que empregam os operários. Pelo menos nas horas de trabalho pode-se escrever na porta da fábrica: Lasciate ogni autonomia voi che entrate!"

Claro, por isso queremos a revolução social, para mudar o quadro autoritário não?


"Se, pela ciência e pelo seu gênio inventivo, o homem submeteu as forças da natureza, estas se vingam submetendo-o, já que delas se usa, a um verdadeiro despotismo independente de qualquer organização social."

E desde quando o anarquista nega isso, isso que falta marxista ler os escritos anarquistas, Bakunin retrata muito bem isto, mas como sempre, Engels com seu camarada Marx, adoram inventar mentiras sobre e achar que essas mentiras são de fato verdadeiras. 

"Querer abolir a autoridade na grande indústria, é querer abolir a própria indústria, é destruir a fiação a vapor para voltar à roca de fiar."

Ou seja, no socialismo científico, os capitalistas continuariam dominado a indústria, só que com outro nome, MARXISTA.

"Tomemos, como outro exemplo, a estrada de ferro. Também aí, a cooperação de uma infinidade de indivíduos é absolutamente necessária, cooperação que deve ter lugar em horas bem precisas para que não ocorram desastres. Também aí, a primeira condição para o seu uso é uma vontade dominante que resolva todas as questões subordinadas, vontade representada quer por um único delegado, quer por um comitê encarregado de executar as decisões de uma maioria de interessados."

Claro, porque os que tão trabalhando na estrada de ferro, são os mesmos que estão trabalhando na indústria e precisam da estrada de ferro, ele confunde necessidade com autoridade, nada normal de um lixo intelectual.

"Num ou noutro caso, há uma autoridade muito pronunciada. Mas, o que é mais: que aconteceria ao primeiro comboio que partisse caso se abolisse a autoridade dos empregados da estrada de ferro sobre os senhores passageiros? Porém, a necessidade da autoridade, e de uma autoridade imperiosa, não pode ser mais evidente que num navio em alto mar. Aí, no momento do perigo, a vida de todos depende da obediência instantânea e absoluta de todos à vontade de um único."

Não, depende da racionalidade e não autoridade, uma pessoa racional no momento de desespero vai verificar mais prontamente ações de ajuda do que uma pessoa desesperada, não é ser autoritário, e sim ter uma tendência de ajuda mutua em observar ações que ajudem as pessoas.
A autoridade seria nesse sentindo, se ninguém de fato fizesse nada, já que sou uma autoridade os servis que ajudem. 
Relativismo pra caralho.

"Quando avanço tais argumentos contra os mais furiosos anti-autoritários, estes não sabem o que responder:"Ah! Isso é verdade, mas o que damos aos delegados não é uma autoridade, mas sim uma missão!". Estes senhores julgam ter mudado as coisas quando só mudaram os nomes. Eis como estes profundos pensadores gozam com as pessoas."

Engraçado, Bakunin, Kropotkin, Reclus, Emma, respondem com perfeição esses questionamentos de um infantil, mas como sempre, Engels apenas supõe que o questionamento dele é irrefutável (pareceria hoje com um ancap).

"Acabamos, pois de ver que, por um lado, certa autoridade, atribuída não importa como, e, por outro lado, certa subordinação são coisas que, independentemente de toda a organização social, se impõem a nós devido às condições nas quais produzimos e fazemos circular os produtos."

Confundido imposição, com produção e necessidade, e ainda acha que está certo, Engels a piada do marxismo.

"Vimos, além disso, que as condições materiais de produção e da circulação se complicam inevitavelmente com o desenvolvimento da grande indústria e da grande agricultura e tendem cada vez mais a estender o campo dessa autoridade. "

A natureza não é uma "autoridade" ela são impõe a nós, ela faz parte de nós, dizer que a natureza é uma "autoridade" nesse sentindo, é relativismo pra caralho, claro que na sociedade burguesa isso é fato, mas jogar isso para uma pós-revolução social é uma disfunção cognitiva séria. 
E achar que não importa o que fizer, as mudanças não ocorrerão, e nesse sentindo a luta marxista estará sempre fardada ao fracasso.


"É, pois, absurdo falar do princípio da autoridade como de um princípio mau em absoluto, e do princípio da autonomia como de um princípio bom em absoluto. A autoridade e a autonomia são coisas relativas cujos domínios variam nas diferentes fases da evolução social. Se os autonomistas se limitassem a dizer que a organização social do futuro restringirá a autoridade aos limites no interior dos quais as condições de produção a tornam inevitável, poderíamos entender-nos; em vez disso, permanecem cegos perante todos os fatos que a tornam necessária, e levantam-se contra a palavra."

A autoridade é autoridade, ou seja é a imposição de outrem a outro, a autonomia é ação necessária que você ira fazer sem depender da autoridade, não é relativo é antagônico. 
Cego para os marxistas, que acham que a autoridade é o suprassumo de uma revolução bem organizada, infelizmente Engels não estava vivo para vê o caos, catástrofe e banalidade do socialismo científico na URSS, mas, como marxista cego que é, não mudaria a sua visão, e como fazem os marxistas hoje, relativizaria a URSS e satélites, inventando desculpas e desculpas para não admitir sua limitação teórica e prática caótica.

"Porque é que os anti-autoritários não se limitam a erguer-se contra a autoridade política, contra o Estado? Todos os socialistas concordam em que o Estado político e com ele a autoridade política desaparecerão como conseqüência da próxima revolução social, ou seja, que as funções públicas perderão o seu caráter político e se transformarão em simples funções administrativas protegendo os verdadeiros interesses sociais."

Porque, pelas suas suposições medíocres é difícil ver, mas a autoridade é a base de qualquer forma de Estado, ou seja, a cada proto-autoridade em uma sociedade sem Estado, são mini-estados se formando, em pouco tempo, o Estado ressurgirá, mas como a visão marxista é limitante e anticientífica, como idealista e utópica, a visão é bem estreita mesmo. 

"Mas os anti-autoritários pedem que o Estado político autoritário seja abolido de um golpe, antes mesmo que se tenham destruído as condições sociais que o fizeram nascer. Pedem que o primeiro ato da revolução social seja a abolição da autoridade. Já alguma vez viram uma revolução, estes senhores?"

Sim já, Comuna de Paris, e no momento que entregaram suas condições sociais a uma autoridade, a Comuna se dissipou, aconteceu a mesma coisa na Revolução Espanhola, engraçado que no Território Livre da Ucrânia não existia autoridade, apenas organização autônoma, se não fosse pela traição bolchevique, a Ucrânia seria comunista libertária, mas como toda autoridade só quer crescer e impor sua autoridade a outros, toda revolução sempre será aniquilada pelos interesses da autoridade. 
PS: Nessa parte, ele acha que a hipótese dele, do livro, A Origem da Família, Propriedade Privada e Estado é 100% certeza, ou seja, achismo puro jogado aos 4 canto.

"Uma revolução é certamente a coisa mais autoritária que se possa imaginar; é o ato pelo qual uma parte da população impõe a sua vontade à outra por meio das espingardas, das baionetas e dos canhões, meios autoritários como poucos; e o partido vitorioso, se não quer ser combatido em vão, deve manter o seu poder pelo medo que as suas armas inspiram aos reacionários. A Comuna de Paris teria durado um dia que fosse se não se servisse dessa autoridade do povo armado face aos burgueses? Não será verdade que, pelo contrário, devemos lamentar que não se tenha servido dela suficientemente? Assim, das duas uma: ou os anti-autoritários não sabem o que dizem, e, nesse caso, só semeiam a confusão; ou, sabem-no, e, nesse caso, atraiçoam o movimento do proletariado. Tanto num caso como noutro, servem à reação."

Não, uma revolução é a coisa mais sangrenta que se possa imaginar, que dizer, ele acha que nós anarquistas não sabemos como funciona uma revolução, não iremos impor nada, mas defender com unhas e dentes o território cada vez mais conquistado, nesse sentindo, não iremos formar um partido único (ditadura anarquista), mais iremos sim pegar em armas para destruir toda a autoridade imposta a nós, e ao mesmo tempo no próprio seio do movimento a liberdade, igualdade vem a tona, guerra aos senhores, paz dentro do movimento. 
Nesse sentido, Engels nega as catástrofe da Comuna de Paris, engraçado, pois eram os anarquista que lá estavam e lá viram o erro de entregar a organização social a uma autoridade imposto.

Fonte do texto: Sobre a Autoridade